Advogado escreve receita de pamonha na petição para provar que juiz não lê os autos - Falando com Autoridade

29 maio 2025

Advogado escreve receita de pamonha na petição para provar que juiz não lê os autos


### O advogado, a pamonha e o protesto judicial

Uma história curiosa que aconteceu há mais de uma década no Tribunal de Justiça de São Paulo voltou a circular na internet, reacendendo o debate sobre a seriedade na análise dos processos judiciais no Brasil. O motivo? Um advogado, cujo nome não foi revelado, incluiu uma receita de pamonha no meio de uma petição — e o juiz responsável pelo caso sequer percebeu.

Frustrado com a sensação de que suas petições não eram lidas com atenção, o advogado decidiu fazer um teste inusitado: inseriu, no meio de um documento jurídico, o passo a passo detalhado de como preparar pamonhas. No próprio texto, ele deixou claro que a iniciativa era uma forma de protesto contra a falta de cuidado na análise dos processos.

Para surpresa de alguns (ou talvez de ninguém), o juiz emitiu seu despacho sem qualquer menção ao conteúdo gastronômico inserido. O silêncio do magistrado confirmou a suspeita do advogado: muitos processos poderiam estar sendo analisados de forma superficial, sem a devida consideração aos argumentos apresentados.

Na época, especialistas comentaram que, embora a petição estivesse formalmente estruturada, a inclusão da receita — uma provocação direta ao magistrado — certamente teria causado espanto e até represálias, caso o documento tivesse sido lido com atenção.

Um trecho do documento, reproduzido pelo site JusBrasil, diz:

> “Nossas petições nunca são lidas com a atenção necessária. A maior prova disso será demonstrada agora, pois se somos tratados como pamonhas, nada mais justo do que trazer aos autos a receita desta tão famosa iguaria. Rale as espigas ou corte-as rente ao sabugo e passe no liquidificador, juntamente com a água, acrescente o coco, o açúcar e mexa bem. Coloque a massa na palha de milho e amarre bem. Em uma panela grande, ferva a água e vá colocando as pamonhas uma a uma após a fervura completa. É importante que a água esteja realmente fervendo, caso contrário elas se desfazem. Cozinhe por cerca de 40 minutos e retire com o auxílio de uma escumadeira.”

Outro trecho da petição reforça o tom de desabafo:

> “Senhores julgadores, espero que entendam o que faço nestas pequenas linhas e que não seja punido por tal ato de rebeldia, mas há tempos os advogados vêm sendo desrespeitados pelos magistrados, que sequer se dão ao trabalho de analisar os pleitos que apresentamos.”

### Juízes estão mais atentos?

O caso da pamonha — ou talvez a crescente exposição de episódios semelhantes — parece ter incentivado alguns magistrados a prestarem mais atenção ao conteúdo das petições. Um exemplo recente ocorreu no 2º Juizado Especial Cível de Goiânia (GO), onde o juiz substituto Gustavo Assis Garcia exigiu explicações de uma advogada sobre a seguinte frase incluída inadvertidamente em um documento: *“Verificar certinho se põe esse parágrafo, porque aquele juiz é meio doido.”*

O magistrado deu 48 horas para que a profissional explicasse a quem se referia e qual era a intenção da observação. Quatro dias depois, a advogada apresentou sua justificativa: pediu desculpas e afirmou que o texto havia sido elaborado por um estagiário, com base em um modelo de outro advogado.

### Reflexões finais

Brincadeiras à parte, esses casos evidenciam o desafio constante de equilibrar a alta demanda processual com a qualidade da análise judicial. A atitude do “advogado da pamonha” divide opiniões até hoje: para alguns, foi uma crítica legítima; para outros, um ato desrespeitoso.

E você, leitor? Acha que a estratégia foi válida ou passou dos limites? Já presenciou algo parecido? Compartilhe sua opinião nos comentários.


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