A política baiana acaba de ganhar mais um capítulo ousado e imprevisível. O deputado estadual Fabrício Pancadinha, do Solidariedade, rompeu com ACM Neto e decidiu migrar para a base do governador Jerônimo Rodrigues. O movimento pode ser lido como gesto de sobrevivência — mas também como um salto no escuro.
Pancadinha não escolheu qualquer campo: ele entra em um território de altíssima competição, já saturado por líderes experientes, estruturados e com ampla vantagem política.
1. Ele chega onde já há donos. Muitos. Fortes.
Ao entrar na base do governo, Pancadinha passa a disputar espaço com gigantes da política regional:
Rosemberg Pinto (PT): líder do governo na ALBA e principal figura do sul da Bahia, mas com influência que vai muito além. Rosemberg conta com o apoio de mais de 30 prefeitos e vices, sendo 15 só no sul da Bahia. É um nome com base consolidada, presença forte em diferentes regiões e domínio total da máquina política no território que Pancadinha agora tenta acessar.
Soane Galvão (PSB): deputada com força crescente em Ilhéus e no Médio Sudoeste. Sua estrutura foi herdada do ex-prefeito Marão, seu marido, o que lhe garante capilaridade política.
Marcone Amaral (PSD): ex-prefeito de Itajuípe, mais votado que Pancadinha em 2022, com perfil técnico e boa articulação nos bastidores do governo.
Patrick Lopes (Avante): mesmo sendo o menos votado da base governista, teve mais de 35 mil votos — cerca de 8 mil a mais que Pancadinha.
E para completar: candidatos como Neusa Cadore (PT), com quase 48 mil votos, ficaram de fora da ALBA — o que mostra o nível de corte altíssimo dentro da base de Jerônimo.
2. Pouca estrutura, grande ambição — e um campo minado pela frente
Pancadinha concentra esforços para ampliar sua base não só em Itabuna, mas mira também cidades importantes como Feira de Santana, Teixeira de Freitas, Itamaraju, Prado, Eunápolis, Itapé e outras cidades circunvizinhas a Itabuna.
Esse é um campo político minado: ele enfrenta não apenas veteranos com mandato e estrutura consolidada, mas também a competição dos novatos do próprio grupo do governador Jerônimo, além de lideranças do seu antigo grupo de oposição, que continuam ativos e com base eleitoral.
Enquanto seus concorrentes já possuem redes de prefeitos, vereadores e apoios institucionais em regiões diversas, Pancadinha precisa construir sua articulação quase do zero — o que exige tempo, recursos e habilidade para se posicionar num cenário altamente fragmentado e competitivo.
3. Carisma não basta. É preciso estrutura.
Ele tem atributos reais: carisma, linguagem direta, apelo popular nas periferias. Mas isso não vence sozinho uma eleição proporcional — especialmente em uma base onde os espaços já estão ocupados.
As perguntas que ecoam no meio político:
Conseguirá formar novas bases fora de Itabuna?
Terá acesso a emendas e apoios institucionais suficientes?
Vai fidelizar lideranças que já são cortejadas — ou comprometidas — com outros nomes?
Qual será seu espaço dentro de um governo que já tem seus preferidos?
Conclusão: um ato ousado. E arriscado.
A entrada de Pancadinha na base do governador Jerônimo é, ao mesmo tempo, um gesto de ruptura e uma tentativa de sobrevivência. Mas ele entrou no grupo mais competitivo da política baiana, onde não há espaço vazio — apenas disputas abertas.
Ou aprende rápido a se mover nesse terreno de gigantes — ou será apenas mais um nome engolido pelo sistema.
O tempo dirá se Pancadinha será engolido ou se vai surpreender.
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